A displasia cemento-óssea é uma lesão fibro-óssea não neoplásica que ocorre no rebordo alveolar, afetando principalmente mulheres adultas ou idosas. A doença é classificada segundo grau de comprometimento do osso afetado, apresentando-se em três tipos: cemento-óssea focal, cemento-óssea periapical e cemento-óssea florida. A denominação “focal” é utilizada quando a lesão é isolada (Figura 1); o tipo “periapical”, quando há múltiplas lesões na região anterior de mandíbula; ficando a terminologia “florida” restrito aos casos em que há envolvimento amplo de outras regiões dos ossos maxilares (Figura 2). É importante destacar que todas essas formas clínicas são variantes de um mesmo processo. Uma característica importante dessas lesões é a sua restrição ao osso alveolar. Em exames radiográficos, verifica-se que, inicialmente, a lesão se apresenta radiolúcida, com bordas bem definidas, mas, gradativamente, se torna radiopaca com perda de definição dos seus limites. Destaca-se, ainda, que em pacientes edêntulos, a perda óssea alveolar vertical não é acompanhada de reabsorção da lesão, o que pode ocasionar o desenvolvimento de osteomielite secundária. É comum, principalmente nas formas clínicas com múltiplas lesões, este ser o motivo da consulta. Em exame histológico, as variantes de displasia óssea podem assemelhar-se ao fibroma ossificante. Enquanto a primeira lesão não é encapsulada, apresentando múltiplos fragmentos com aparência “arenosa”  na fase inicial; a segunda exibe delimitação clara do osso adjacente, presença de cápsula fibrosa e um ou poucos fragmentos após a sua remoção. Com a evolução, notamos na displasia cemento-óssea a deposição crescente de tecido mineralizado, com redução dos espaços medulares (Figura 3). De modo geral, o diagnóstico da displasia é feito mediante dados clínicos e radiográficos, não sendo necessária a biópsia. Entretanto, as lesões iniciais com imagem radiolúcida podem ser confundidas com outros cistos ou tumores odontogênicos e serem eventualmente submetidas à biópsia para definição do diagnóstico final. Como conduta, em razão da natureza autolimitada da doença, a sua remoção cirúrgica não deve ser realizada, devendo o paciente ser apenas acompanhado. Nos casos de osteomielite secundária, a remoção do sequestro ósseo pode ser necessária.

 

Imagem radiográfica da displasia cemento-óssea focal na mandíbula

 Figura 1 – Imagem da displasia cemento-óssea focal exibindo lesão única na região dos pré-molares inferiores esquerdo.

 

Imagem radiográfica da displasia cemento óssea generalizada

Figura 2- Imagem característica da displasia cemento-óssea florida ou multifocal, exibindo várias lesões radiolúcidas/radiopacas distribuídas pelo osso alveolar.

 

Imagem microscópica da displasia cemento-óssea

Figura 3- Imagem micrkoscópica demonstrando deposição acentuada de material osteo-cementoide e espaços medulares reduzidos.

Leitura Complementar:

1- Nelson BL, Phillips BJ. Benign fibro-osseous lesions of the head and neck. Head Neck Pathol 2019;13:466-475.

2- Slootweg P. Lesions of the jaws. Histopathology 2009;54:401-418.

 

 

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