O cisto odontogênico ortoqueratinizado é um cisto odontogênico incomum dos maxilares. Na década de 1950, o patologista Hans Peter Philipsen descreveu, pela primeira vez na literatura, sete ceratocistos odontogênicos. Dois deles apresentavam um revestimento epitelial ortoqueratinizado. Com isso, diversos autores passaram a reportar como ceratocistos odontogênicos, os cistos que exibiam este aspecto histopatológico. Contudo, ao longo dos anos, os profissionais da área de patologia bucal, ao redor do mundo, começaram a observar que os cistos revestidos por epitélio ortoqueratinizado exibiam comportamento biológico menos agressivo do que os ceratocistos odontogênicos. No ano de 1981, John Whrigt introduziu o termo “cisto odontogênico ortoqueratinizado (COO)”, categorizando-o como uma variante do ceratocisto odontogênico. Estudos subsequentes mostraram que, além das diferenças clinicopatológicas, o COO não está relacionado à síndrome do Carcinoma Nevoide Basocelular, sendo mais raro. Dessa forma, esse cisto foi reconhecido como uma entidade patológica distinta.
Na maioria dos casos, os COOs são assintomáticos, se desenvolvem entre a terceira e quarta décadas de vida, afetando usualmente a região posterior da mandíbula. Aproximadamente, dois terços dos casos são associados à coroa de um dente impactado, em geral o terceiro molar inferior. Do ponto de vista radiográfico, os COOs são lesões radiolúcidas, bem delimitadas e uniloculares (Figura 1). A reabsorção das raízes dentárias subjacentes pode ser observada, em alguns casos.
Figura 1- Imagem radiográfica do cisto odontogênico ortoqueratinizado. Lesão radiolúcida com limites bem definidos.
Características histopatológicas
Histopatologicamente, os COOs exibem um delgado revestimento por epitélio estratificado escamoso, recoberto por uma camada de ortoqueratina (Figura 2). De forma distinta do ceratocisto odontogênico, as células epiteliais da camada basal não se dispõem em paliçada.
Figura 2- Quadro microscópico do cisto odontogênico ortoqueratinizado. Observar a presença de ortoqueratina na superfície e a ausência de células basaloides, hipercrómaticas na camada basal. Essas características contribuem para o diagnóstico diferencial com o ceratocisto odontogênico.
Tratamento
A enucleação completa da lesão é o tratamento preconizado para os casos de COOs. Contrariamente ao que é observado nos ceratocistos odontogênicos, que apresentam em média 20% de recidivas, a taxa de recorrência do COO é próximo de 1%.
Leitura Complementar
1- Crowley TE, Kaugars GE, Gunsolley JC. Odontogenic keratocysts: a clinical and histologic comparison of the parakeratin and orthokeratin variants. J Oral Maxillofac Surg. 1992;50:22-26.
2- Müller S. Developmental Odontogenic Lesions Associated with the Crown of an Impacted Tooth: A Guide to the Distinct Histologic Features Required for Classification. Head Neck Pathol. 2021;15:107-112.
3- Mahdavi N, Zavarei M, Derakhshan S, Nasab MH. Orthokeratinized odontogenic cyst: Report of eight cases and review of literature regarding its malignant transformation. J Oral Maxillofac Pathol. 2021;25:S11-S17.
4- Wright JM. The odontogenic keratocyst: orthokeratinized variant. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1981;51:609-618.
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