O fibroma ossificante juvenil é uma neoplasia óssea, não odontogênica, considerada agressiva, que acomete os maxilares. Na literatura, são conhecidas duas variantes da doença: o fibroma ossificante juvenil trabecular (FOJT) e o fibroma ossificante juvenil psamomatoide (FOJP).

 

Características clínicas

O fibroma ossificante juvenil trabecular tem discreta predileção pela maxila; sendo que 42% dos casos ocorrem na mandíbula. A idade média dos pacientes afetados é de  11,5 ± 6,0 anos. Em contraste, na forma psamomatoide, a lesão ocorre principalmente na região fronto-naso-órbito-etmoidal e pode acometer jovens ou adultos. Ou seja, apesar do termo juvenil ser, tradicionalmente, empregado para a lesão, a doença não afeta exclusivamente crianças e/ou adolescentes.

É válido mencionar que o crescimento rápido do tumor é outra característica comum às formas do fibroma ossificante juvenil. Característica essa que pode resultar em destruição local e assimetria facial.

 

Características radiológicas

De modo geral, o fibroma ossificante juvenil se apresenta como uma lesão radiolúcida com depósitos em quantidade variável de material radiopaco. Diferentemente do fibroma ossificante convencional, que sempre mostra margens bem definidas e conteúdo radiolúcido/radiopaco homogêneo, o fibroma ossificante juvenil, tanto trabecular como psamomatoide, pode apresentar margens bem (ou mal) delimitadas, porém, com conteúdo heterogêneo. Além disso, a cortical óssea sobrejacente que envolve o fibroma ossificante juvenil exibe áreas de descontinuidade. Alguns autores destacam que, nos exames de imagem, o FOJT apresenta calcificações irregulares, enquanto o FOJP pode apresentar área nodular central mais radiolúcida, envolvida por uma camada externa, com aspecto de “vidro despolido” (Figuras 1 e 2).

 

Imagem tomográfica do fibroma ossificante juvenil psamomatoide.

 

Figura 1- Imagem tomográfica do fibroma ossificante juvenil psamomatoide. Notar as margens bem delimitadas, porém, com conteúdo heterogêneo.

 

Imagem tomográfica do fibroma ossificante juvenil trabecular

 

Figura 2- Imagem tomográfica do fibroma ossificante juvenil trabecular. Observar as margens bem delimitadas, porém, com conteúdo heterogêneo.

 

Características microscópicas

Microscopicamente, convém mencionar que o FOJT mostra trabéculas irregulares, anastomosadas, de material osteoide e bastante celularizado, em continuidade com tecido conjuntivo, densamente celularizado, com pouca deposição de colágeno (Figura 3). De outra parte, no FOJP ocorre densa proliferação de tecido conjuntivo fibroso, bastante celularizado, com depósitos mineralizados acelulares, em formato de esférulas basofílicas semelhantes a estrutura psamomatoides, circundadas por um rim periférico eosinofílico (Figura 4). Embora os tumores se apresentem bem delimitados, não há presença de cápsula, nessas variantes. Cistos ósseos aneurismáticos secundários são ocasionalmente identificados.

 

Imagem microscópica do fibroma ossificante juvenil trabecular

Figura 3- Quadro microscópico do fibroma ossificante juvenil trabecular mostrando trabéculas irregulares, anastomosadas, de material osteoide e bastante celularizado, em um estroma fibroso densamente celularizado, com pouca deposição de colágeno.

 

Imagem microscópica do fibroma ossificante juvenil psamomatoide.

Figura 4- Quadro microscópico do fibroma ossificante juvenil psamomatoide exibindo densa proliferação de tecido conjuntivo fibroso celularizado com depósitos mineralizados acelulares, em formato de esférulas basofílicas psamomatoides.

 

Tratamento

No que diz respeito ao tratamento do fibroma ossificante juvenil, a enucleação total complementada por ostectomia periférica ou ressecção marginal são os procedimentos cirúrgicos mais recomendados. Alto índice de recorrência é esperado com a curetagem simples.

 

Leitura Complementar:

1- Chrcanovic B & Gomez RS. Juvenile ossifying fibroma of the jaws and paranasal sinuses: a systematic review of the cases reported in the literature. Int J Oral Maxillofac Surg 2019;49:28-37.

2- El-Mofty S. Psammomatoid and trabecular juvenile ossifying fibroma of the craniofacial skeleton: two distinct clinicopathologic en- tities. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2002;93:296–304.

3-Kawaguchi M, Kato H, Miyazaki T, Kato K, Hatakeyama D, Mizuta K, et al. CT and MR imaging characteristics of histological subtypes of head and neck ossifying fibroma. Dent Radiol 2018;47: 20180085.

4- Makek M. Clinical pathology of fibro-osteo-cemental lesions of the cranio-facial skeleton and jaw bones. Basel: Karger, 1983.

5- Owosho AA, Hughes MA, Prasad JL, Potluri A, Branstetter B. Psammomatoid and trabec- ular juvenile ossifying fibroma: two distinct radiologic entities. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol 2014;118:732–738.

6- Slootweg PJ. Juvenile trabecular ossifying fibroma: an update. Virchows Arch 2012;461:699–703.

7- Slootweg PJ, Panders AK, Koopmans R, Nikkels PG. Juvenile ossifying fibroma. An analysis of 33 cases with emphasis on histopathological aspects. J Oral Pathol Med 1994;23:385–358.

 

 

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