A verruga vulgar é uma lesão papilomatosa, mucocutânea, relacionada com a infecção pelo vírus HPV, principalmente os subtipos 2, 4 e 40. O modo de transmissão é por auto-inoculação e está associado ao hábito de levar as mãos até a boca. Apesar do papiloma escamoso e a verruga vulgar serem apresentados frequentemente como condição única, algumas diferenças, principalmente clínicas e microscópicas, justificam o seu estudo separadamente.

 

Características clínicas

A lesão ocorre principalmente em crianças e jovens adultos. De início, ela pode ser identificada na região periungueal das mãos. Na mucosa oral, a verruga vulgar é caracterizada pela formação de uma ou mais lesões papilares, verruciformes, base séssil, coloração geralmente esbranquiçada e com poucos milímetros de tamanho (Figuras 1 e 2). Sua localização principal é na porção anterior da boca, sendo os lábios a área mais afetada.

 

Imagem clínica da verruga vulgar na mucosa oral.

Figura 1 – Múltiplas lesões verruciformes na porção anterior da língua.

 

 

Imagem clínica da verruga vulgar nos dedos das mãos.

Figura 2- O paciente apresentava também lesões nos dedos das mãos.

 

Características histopatológicas

No exame microscópico, é possível encontrar projeções exofíticas que exibem arquitetura verruciforme, recobertas por revestimento epitelial escamoso hiperqueratinizado espesso, contendo, ainda, camada granulosa proeminente e cristas epiteliais convergentes (Figuras 3 e 4). A queratinização espessa traz uma aparência de “torres de igreja”. O efeito citopático do vírus HPV sobre as células leva à formação de coilócitos. As células coilocitóticas são identificadas principalmente nas camadas superiores, próximas da camada granular. Elas apresentam: núcleos aumentados, contendo cromatina manchada ou homogênea e exibindo diferentes graus de coloração; membrana nuclear com limites irregulares e aparência enrugada;  citoplasma denso basofílico ou eosinofílico, contendo halo claro perinuclear (Figura 5). Quando os coilócitos têm grânulos de queratohialina, esses são grosseiros. Essas células são comumente confundidas com vacúolos formados por artefatos de técnica (Figura 5). Apesar da ocasional presença de figuras de mitose, essas não são atípicas e não há displasia epitelial.

 

Imagem microscópica da verruga vulgar

Figura 3- Imagem microscópica em menor aumento da verruga vulgar. Note a aparência verruciforme e cristas epiteliais convergentes para o centro da lesão.

 

Imagem microscópica da verruga vulgar com formação de projeções digitiformes.

Figura 4- Em aumento médio, observamos que as projeções são digitiformes e o revestimento epitelial é hiperqueratinizado.

 

Imagem microscópica mostrando coilocitose na verruga vulgar

Figura 5- Na coilocitose, as células exibem: núcleos aumentados com cromatina manchada e exibindo diferentes graus de coloração;  membrana nuclear com limites irregulares e aparência enrugada;  citoplasma denso basofílico ou eosinofílico,  contendo halo claro perinuclear. Os grânulos de queratohialina nos coilócitos são maiores e mais grosseiros.

 

Diferença microscópica entre coilocitose e vacúolos por artefato de técnica

Figura 6- Não devemos confundir o halo claro perinuclear da coilocitose com o artefato de técnica. Observe os detalhes do núcleo, dos vacúolos e do citoplasma descritos na figura 5. Esses não são encontrados no artefato de técnica.

 

Tratamento

O tratamento recomendado é a excisão cirúrgica simples para as lesões da boca e cutâneas, quando presentes. O prognóstico é excelente.

 

Leitura Complementar:

1- Betz SJ. HPV-Related Papillary Lesions of the Oral Mucosa: A Review. Head Neck Pathol 2019;13:80-90.

2- Fatahzabeth M. Oral Manifestations of Viral Infections. Atlas of the Oral and Maxillofac Surg North Am 2017;25:163-170.

 

 

Consultório

blank

Conheça nossos cursos

blank