O tumor odontogênico adenomatoide é um tumor benigno de histogênese incerta, cuja lesão ocorre principalmente na região de caninos superiores, afetando mais os pacientes da segunda década de vida (Figura 1). Estudos recentes conduzidos pelo nosso grupo de pesquisa mostraram mutações recorrentes no gene KRAS nesse tumor. Lesões múltiplas podem ser observadas em pacientes com a Síndrome de Schimmelpenning. Essa síndrome é uma desordem neurocutânea caracterizada pela presença de nevus sebáceos linear e alterações oftalmológicas, neurológicas, esqueléticas, urológicas e cardiovasculares. Para mais detalhes, recomendo a leitura do artigo publicado por Chaves et al. (2020).
Figura 1- Aspecto clínico revelando lesão expansiva.
Características radiológicas
Radiograficamente, nota-se a presença de imagem radiolúcida bem delimitada, podendo exibir (ou não) pontos radiopacos. Enquanto algumas lesões estão associadas a dentes inclusos (Figura 2), assemelhando-se a imagem radiográfica do cisto dentígero, outras não apresentam qualquer relação com dentes. Notadamente, há casos em que o tumor pode estar localizado entre dois dentes (Figura 3) ou sobreposto a região periapical, análogo ao cisto radicular.
Figura 2- Imagem radiográfica exibindo associação com dente incluso e limites bem definidos.
Figura 3- Tumor odontogênico adenomatóide localizado entre dois dentes. Notar a presença de pontos radiopacos discretos no interior do tumor.
Características histopatológicas
No exame macroscópico do tumor odontogênico adenomatoide observaremos uma lesão bem encapsulada, podendo ser sólida ou cística (Figura 4). Do ponto de vista histopatológico, nota-se no tumor odontogênico adenomatoide a presença de um agregado sólido de células epiteliais cuboidais ou poliédricas, contendo áreas císticas e estruturas em roseta (Figura 5). É possível identificar numerosos espaços ductais formados por células colunares únicas, com núcleos polarizados opostamente ao lúmen, que lembram estruturas glandulares. Verifica-se, em quantidades variáveis, depósitos de material amorfo e calcificações em alguns tumores.
Figura 4- Observar macroscopicamente a presença de cápsula bem definida envolvendo o tumor, contendo diversas estruturas novelares (Esta imagem foi gentilmente cedida pelo Prof. Wagner Castro).
Figura 5- Aspecto microscópico mostrando estruturas semelhantes a ductos, intercaladas por outras em padrão de roseta.
Tratamento
O crescimento lento e o encapsulamento da lesão explicam a baixa recidiva e justificam o tratamento cirúrgico conservador.
Leitura Complementar:
3- Reichart P, Philipsen H. Odontogenic Tumors and Allied Lesions. Quintessence Publishing: London, 2004.
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