Autores:

Dra. Marina Gonçalves Diniz         e-mail: marinadiniz@gmail.com

Prof. Ricardo Santiago Gomez        e-mail: rsgomez@ufmg.br; professor@ricardogomez.com.br

 

A perda de heterozigosidade (LOH) é um fenômeno biológico resultante de variações ambientais e/ou genéticas como instabilidades genômicas, incluindo não disjunção mitótica e recombinação, perda cromossomal, mutação e deleção do DNA, translocação e conversão gênica. Os estudos de LOH identificam mudanças na dosagem de um alelo heterozigoto em relação ao outro alelo, em um marcador genético ( Ver figura abaixo). A análise em neoplasias é geralmente conduzida com amostras pareadas tumor/tecido normal. Esta análise identifica regiões de LOH examinando alterações no status genômico de células normais com células tumorais do mesmo paciente. Se a LOH acontece em um gene supressor de tumor e o alelo remanescente sofre mutação, deleção ou silenciamento genético, este evento leva a célula ao estado de hemizigose (uma alelo deletério e um deletado) ou homozigose para o alelo deletério. A consequência deste estado pode ser a inativação da função supressora de tumor, contribuindo para o desenvolvimento de câncer ou metástase. Identificação de regiões de LOH aumenta o entendimento dos mecanismos de formação de tumores, podendo facilitar o desenvolvimento de marcadores de prognóstico genético e de alvos terapêuticos.

Atualmente, técnicas moleculares bem estabelecidas e rotineiramente usadas para examinar LOH incluem hibridização genômica, hibridização fluorescente in situ e reação em cadeia da polimerase (PCR). Esta última abordagem analítica é baseada na amplificação por PCR de sequencias polimórficas em locais estratégicos do genoma utilizando iniciadores fluorescentes, seguido de análise dos picos do eletroferograma que foram gerados pela presença dos produtos fluorescentes da PCR (ver figura abaixo).

Leucoplasias orais apresentam com frequência LOH em alguns genes supressores de tumor. Esta alteração é encontrada com maior frequência nas leucoplasias com displasias ou atipias epiteliais intensas em comparação com as lesões sem atipia. Lesões que exibem LOH utilizando-se vários marcadores apresentam maior probabilidade de transformação maligna. Entretanto, na análise individual estes marcadores não são confiáveis como ferramentas para diagnóstico porque mesmo lesões sem LOH podem sofrer transformação maligna. É curioso também que a mucosa normal adjacente a leucoplasia ou ao carcinoma pode também exibir LOH.

 

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Figura- Curvas representativas da análise de perda de heterozigosidade (LOH). O tecido normal é heterozigoto e apresenta dois picos referentes a presença de dois alelos. As células tumorais que apresentam LOH exibem redução de um dos picos ou até mesmo ausência completa do pico. Uma alteração na relação: (altura alelo 1 normal/ altura alelo 2 normal) / (altura do alelo 1 tumor/altura do alelo 2 tumor) que seja >2 ou <0.5 indica LOH.

 

Leitura complementar:

1- Rosin MP, Cheng X, Poh C, Lam WL, Huang YH, Lovas J, Berean K, Epstein JB, Priddy R, Le ND, Zhang L. Use of allelic loss to predict malignant risk for low-grade oral epitelial dysplasia. Clin Can Res 2000;6:357-362.

2- Smith J, Rattay T, McConkey C, Helliwell T, Mehanna H. Biomarkers in dysplasia of the oral cavity: A systematic review. Oral Oncology 2009;647-653.