O ameloblastoma adenoide é uma neoplasia epitelial odontogênica, que foi incluída, recentemente, na 5º edição da Classificação de Tumores de Cabeça e Pescoço da Organização Mundial de Saúde (2022).
Etiologia
Diferente do ameloblastoma, que apresenta a mutação BRAFp, V600E, e do tumor odontogênico adenomatoide, que carrega mutações nos genes KRAS, o ameloblastoma adenoide não apresenta alterações nesses genes. Estudos recentes, incluindo do nosso grupo de pesquisa, demonstraram mutações nos genes APC e CTNNB1 no tumor. Essas mutações demonstram que a via do WNT/b-catenina está envolvida na patogênese do ameloblastoma adenoide.
Características clínicas
O tumor é expansivo e apresenta crescimento lento e assintomático. Em geral, afeta pacientes, principalmente, da quarta década de vida, com maior prevalência na mandíbula. Dor e parestesia são, ocasionalmente, observados. Por fim, o envolvimento paranasal é relatado, em alguns casos.
Características radiológicas
O ameloblastoma adenoide mostra imagem radiolúcida, com limites, às vezes, mal-definidos, contendo focos de maior radiopacidade. Eventualmente, perfuração das corticais é encontrada.
Características histopatológicas
O quadro microscópico do ameloblastoma adenoide mostra semelhança com o ameloblastoma, onde encontramos células basaloides com polaridade invertida. Entretanto, ele apresenta aspectos morfológicos adicionais, como estruturas semelhantes a ductos, redemoinhos, que se parecem com mórulas, e uma arquitetura cribriforme. Os ductos são formados por células cuboidais ou colunares, que contêm material semelhante à mucina no seu interior. Em alguns tumores, identificamos a formação de material dentinoide e células claras.
Outra característica importante é a queratinização com formação de células fantasmas. Esse achado, quando presente, representa um componente menor no tumor, que o torna diferente do tumor dentinogênico de células fantasmas. Além disso, esse último não apresenta a arquitetura cribriforme, estruturas ductiformes e a formação de redemoinhos, encontrados no ameloblastoma adenoide.
Figura 1- Imagem microscópica do ameloblastoma adenoide, em menor aumento, exibindo o padrão cribriforme do tumor.
Figuras 2- Em maior aumento, notamos células semelhantes aos ameloblastos, na periferia dos lençóis, estruturas ductiformes e formações de redemoinhos, semelhantes aos remanescentes de mórulas.
Tratamento
O ameloblastoma adenoide apresenta comportamento agressivo, com infiltração local e índice de recorrência, que varia entre 45 a 70%. Dessa forma, o tratamento conservador deve ser evitado.
Recentemente, descrevemos uma variante unicística desse tumor. O paciente foi tratado com enucleação, complementada com ostectomia e cauterização química, não havendo recidiva, após 4 anos de acompanhamento. Entretanto, novos relatos são necessários para uma caracterização melhor dessa variante.
Leitura complementar:
5- Oh KY, Hong SD, Yoon HJ. Adenoid Ameloblastoma Shares Clinical, Histologic, and Molecular Features With Dentinogenic Ghost Cell Tumor: The Histologic Spectrum of WNT Pathway-Altered Benign Odontogenic Tumors. Mod Pathol. 2023;36:100051.
6- Vered M, Wright J. Update from the 5th Edition of the World Health Organization Classification of Head and Neck Tumors: Odontogenic and Maxillofacil Bone Tumours. Head Neck Pathol 2022 – in press
Conheça nossos cursos