O melanoacantoma é uma lesão benigna adquirida, incomum, que tem evolução rápida e afeta, principalmente, a cavidade oral. Apesar da sua etiologia ser desconhecida, fatores irritantes ou traumáticos locais têm sido relacionados com o seu surgimento.
Características clínicas
A doença é encontrada, principalmente, em pacientes adultos, entre a terceira e quarta década de vida, em especial, nas mulheres melanodérmicas e feodérmicas. Clinicamente, a lesão se apresenta como uma mácula escura, que pode ser discretamente elevada e com limites bem definidos. Com surgimento súbito, crescimento rápido, a lesão pode ser unilateral ou bilateral. A mucosa jugal é a área afetada, contudo pode ser encontrada em outras sítios da mucosa oral.
Características histopatológicas
No exame microscópico, o melanoacantoma mostra melanócitos dispersos por todas as camadas do revestimento epitelial (Figuras 1 e 2). Em um revestimento epitelial normal, os melanócitos são, usualmente, encontrados na camada basal. Além disso, um infiltrado inflamatório discreto (ou moderado) pode ser encontrado no tecido conjuntivo subjacente. Macrófagos que fagocitam a melanina também são observados, sendo, assim, denominados de melanófagos (Figura 2).
Figura 1- Imagem microscópica do melanoacantoma mostrando melanócitos dispersos por todas as camadas do epitélio de revestimento.
Figura 2- Vista em maior aumento dos melanócitos no melanoacantoma. Os melanócitos apresentam citoplasma róseo (ou cinza) que fica “preso” ao redor do núcleo (seta branca). Embora, externamente, essas células exibam espaços vazios, com aparência vacuolar, esses são artefatuais. Na lâmina própria superficial, encontramos, também, macrófago fagocitando melanina (melanófagos) (seta vermelha).
Tratamento
Em razão do crescimento rápido, a biópsia incisional é necessária para que se faça o diagnóstico diferencial com melanoma. As lesões podem regredir, espontaneamente, dentro de 2 a 6 meses, após a biópsia. Mesmo que isso não ocorra, a remoção cirúrgica completa não é necessária. Essas lesões não sofrem transformação maligna.
Leitura complementar:
2- Ma Y, Xia R, Ma X, Judson-Torres RL, Zeng H. Mucosal Melanoma: Pathological Evolution, Pathway Dependency and Tartet Therapy. Front Oncol 2021;11:702287.
3- Rosebush MS, Briody AN, Cordell KG. Black and Brown: Non-neoplastic pigmentation of the oral mucosa. Head and Neck Pathol 2019; 13:47-55.
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