O papiloma escamoso é uma lesão papilomatosa comum na mucosa bucal, relacionada com a infecção pelo vírus HPV, especialmente os subtipos 2, 6 e 11, dentre outros. Em alguns livros e artigos científicos, o papiloma escamoso e a verruga vulgar são apresentados como uma condição única. Embora nem sempre seja possível fazer o diagnóstico diferencial entre eles, optamos por descrevê-los separadamente devido às diferenças do subtipo de HPV envolvido, em especial, no que se refere a alguns detalhes clínicos e microscópicos.
Características Clínicas
Geralmente, a lesão é descrita como única, sendo encontrada principalmente em adultos. O palato e a língua são os locais mais afetados. Clinicamente, ela apresenta-se como projeções exofíticas digitiformes, semelhantes a “couve-flor” ou verrugas. Com poucos milímetros de tamanho, as lesões muitas vezes, tem base pediculada, coloração rósea ou esbranquiçada (Figura 1).
Figura 1- Aspecto clínico do papiloma escamoso localizado no palato. Aqui, podemos notar a aparência verruciforme ou semelhante a “couve-flor” da lesão.
Características histopatológicas
No exame microscópico do papiloma escamoso, observamos o epitélio de revestimento formando projeções digitiformes que são sustentadas por um delicado estroma fibroso, celularizado, com vasos. A natureza pediculada da lesão poderá ser visualizada. Embora coilócitos possam ser identificados, geralmente, não são tão evidentes como na verruga vulgar. De igual modo, o papiloma também não apresenta hiperqueratinização proeminente e as cristas epiteliais não convergem para a base como a verruga vulgar. De outra parte, a verruga vulgar é geralmente séssil, enquanto o papiloma escamoso tende a ser pediculado.
Figura 2- Exame microscópico do papiloma escamoso que mostra o epitélio de revestimento, formando projeções digitiformes sustentadas por um delicado estroma fibroso celularizado com vasos.
Patogenia Molecular
Estudos recentes mostraram que há baixa frequência do vírus HPV em lesões de papiloma. Curiosamente, mutações nos genes KRAS e HRAS foram encontradas, de forma, mutualmente exclusiva ao vírus HPV. A infecção pelo vírus, tanto quanto a mutação no gene RAS, leva a ativação da via das proteínoquinases ativadas por mitógenos (MAPK). Essa via provavelmente deve estar envolvida no desenvolvimento das lesões.
Tratamento
O tratamento é a excisão cirúrgica simples. O prognóstico é excelente.
Leitura Complementar:
1- Betz SJ. HPV-Related Papillary Lesions of the Oral Mucosa: A Review. Head Neck Pathol 2019;13:80-90.
2- Fatahzabeth M. Oral Manifestations of Viral Infections. Atlas of the Oral and Maxillofac Surg North Am 2017;25:163-170.
3- Sasaki E, Masago K, Fujita S, Hanai N, Yatabe Y. Frequent KRAS and HRAS mutations in squamous cell papillomas of the head and neck. J Pathol Clin Res 2020;6:154-159.
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