A osteoesclerose idiopática, também conhecida como ilha óssea densa ou enostose, é um processo hamartomatoso, caracterizado pela deposição aumentada de osso, que tem etiologia desconhecida. Ela não está associada com alterações inflamatórias, displásicas, neoplásicas ou sistêmicas. A prevalência da osteoesclerose idiopática na população varia de 1,7% a 5,4%.
Características clínicas e radiológicas
A osteoesclerose é descoberta, acidentalmente, em exames radiográficos de rotina. Em geral, ela é encontrada na segunda década de vida, assintomática, não causa expansão das corticais e, dificilmente, apresenta crescimento, quando descoberta. Em alguns casos, em especial quando crianças são afetadas, ela pode exibir aumento discreto de tamanho, mas sem, entretanto, causar complicações. Existem relatos, inclusive, de regressão do processo. A principal área afetada é a de pré-molares e molares inferiores.
No exame radiográfico, encontraremos uma massa radiopaca arredondada ou elíptica, geralmente, uniforme e bem delimitada (Figura 1). A alteração não exibe halo radiolúcido. Embora localizada, principalmente, próxima do ápice radicular, existem casos em posições diversas em relação aos dentes.
Nos casos de lesões múltiplas, a hipótese de polipose adenomatosa com síndrome de Gardner deve ser investigada. Nessa síndrome, o paciente apresenta pólipos intestinais múltiplos, tumores desmoides nos tecidos moles da cabeça e pescoço, cistos epidermoides, lipomas, osteomas múltiplos, dentes supranumerários e odontomas. Os pacientes com essa síndrome apresentam risco aumentado para o desenvolvimento de neoplasias no intestino, tireoide, além do risco de acometer outras localizações.
Outro diagnóstico diferencial importante é o osteoma e a osteomielite esclerosante focal. A presença de expansão das corticais e crescimento contínuo da lesão sugerem o diagnóstico de osteoma. Reabsorção radicular, dente cariado e com polpa dentária sem vitalidade favorecem a hipótese de osteomielite esclerosante focal.
Figura 1 – Imagem radiográfica da osteoesclerose idiopática. Observar a presença de massa radiopaca, bem delimitada, sem halo radiolúcido e localizada na porção distal do terceiro molar inferior esquerdo.
Características histopatológicas
No exame microscópico, encontraremos apenas osso lamelar denso, contendo espaços medulares reduzidos e preenchidos por tecido fibroadiposo.
Tratamento
Nenhum tratamento é necessário para a osteoesclerose idiopática, devendo o paciente ser apenas acompanhado. A presença dessa alteração óssea pode dificultar a movimentação ortodôntica, causando, ainda, reabsorção dentária durante o tratamento.
Leitura complementar:
1- Alfahad S, Alostad M, Dunkley S, Anand P, Harvey S, Monteiro J. Dense bone islands in pediatric patients: a case series study. Eur Arch Paediatr Dent 2021;22:751-757.
2- Eversole L, Stone C, Strub D. Focal sclerosing osteomyelitis/focal periapical osteopetrosis: radiographic patterns. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1984;58:456–460.
3- Nosé V, Lazar AJ. Update from the 5th Edition of the World Health Organization Classification of Head and Neck Tumors: Familial Tumor Syndromes. Head Neck Pathol 2022;16:143-157.
4- Petrikowski CG, Peters E. Longitudinal radiographic assessment of dense bone islands of the jaws. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1997;83:627–634.
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