A lesão periférica de células gigantes, também conhecido como granuloma periférico de células gigantes, é uma lesão reativa periférica, localizada em gengiva, que resulta da irritação local do mucoperiósteo ou da parte coronal do ligamento periodontal, em resposta a um fator irritante ou traumático local. Estudos recentes têm associado a presença dessa lesão associada a implantes dentários. A lesão ocorre mais na mandíbula, mulheres e manifesta, clinicamente, como um nódulo séssil, de coloração arroxeada (Figura 1).

O diagnóstico diferencial deve ser feito com o fibroma ossificante periférico e com o granuloma piogênico. Clinicamente, o primeiro, apresenta uma coloração semelhante à mucosa oral; já o segundo, apresenta cor mais avermelhada, em razão da riqueza de vasos capilares. Diferente do granuloma piogênico e do fibroma ossificante periférico, na lesão periférica de células gigantes, podemos observamos erosão do osso subjacente em um terço dos casos.

Imagem clínica da lesão periférica de células gigantes

Figura 1- Coloração arroxeada característica da lesão periférica de células gigantes

 

Características histopatológicas

Microscopicamente, encontraremos, na lesão periférica de células gigantes, uma intensa proliferação de células mononucleares, ovoides ou fusiformes, entremeadas por numerosas células gigantes multinucleadas, que mostram diferenciação para osteoclastos  (Figuras 2 e 3). As áreas de hemorragia levam a grande deposição de hemossiderina, que é responsável pela coloração arroxeada, característica, clínica, da lesão.

Estudos recentes, conduzidos pelo nosso grupo de pesquisa, identificaram mutações nos genes KRAS e FGFR1 na lesão periférica de células gigantes. Essas mutações levam a ativação da via MAPK nessas lesões.

 

Imagem microscópica da lesão periférica de células gigantes

Imagem microscópica da lesão periférica de células gigantes

Figuras 2 e 3- Imagem em menor e em maior aumento da lesão periférica de células gigantes. Notar a presença de numerosas células gigantes multinucleadas, entremeadas por células mononucleares ovoides ou fusiformes, além de áreas de hemorragia.

Tratamento

O tratamento é realizado através de excisão cirúrgica com curetagem ou osteotomia, quando há erosão do osso subjacente. Fatores irritantes, também, devem ser removidos. Na bibliografia, indicamos alguns artigos de nossa autoria para consulta.

 

Leitura Complementar:

1- Chrcavnovic BR,  Gomes CC, Gomez RS. Peripheral giant cell granuloma: An updated analysis of 2824 cases reported in the literature. J Oral Pathol Med 2018;5:459-459.

2- Martins-Chaves RR, Guimarães LM, Pereira TSF, Pereira NB, Chrcanovic BR, Fonseca PF, et al. KRAS mutations in implant-associated peripheral giant cell granuloma. Oral Dis 2020;26:334-340.

3- Gomes CC, Gayden T, Bajic A, Harraz OF, Pratt J, Nikbakhat H, et al. TRPV4 and KRAS and FGFR1 gain-of-function mutations drive giant cell lesions of the jaw. Nat Comm 2018;9:4572.

 

 

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