O cisto nasolabial é um cisto não odontogênico expansivo que acomete os tecidos moles do terço médio da face. Provavelmente, sua origem está relacionada aos remanescentes epiteliais envolvidos na formação do ducto nasolacrimal. Produzida pelas glândulas lacrimais, a secreção lacrimal é drenada dos pontos lacrimais para os canalículos, sendo conduzida, posteriormente, para o saco lacrimal. O ducto nasolacrimal, que funciona como sistema de drenagem, conduz o excesso da secreção do saco lacrimal dos olhos para a cavidade nasal, até chegar ao meato nasal inferior. É nesse local que o cisto nasolabial, comumente, se desenvolve.

 

Características clínicas

A localização mais frequente do cisto nasolabial é na região da asa lateral do nariz. O cisto é encontrado, principalmente, em pacientes, mulheres, na faixa etária dos 30 aos 50 anos de idade. Embora tenha ocorrência, geralmente, unilateral; casos bilaterais, também, são reportados na literatura.

Clinicamente, na região mesial do sulco nasolabial, o cisto se apresenta como uma tumefação flutuante, de formato ovoide, que causa, usualmente, elevação da asa lateral do nariz e alteração no contorno das narinas (Figura 1). Em geral, a doença é assintomática, mas o paciente pode apresentar sintomatologia associada à infecção secundária. A obstrução nasal é encontrada em alguns casos. O cisto pode causar interrupção na drenagem da secreção lacrimal, levando o paciente a um quadro de epífora, quando os olhos ficam lacrimejantes.

 

Imagem clínica do cisto nasolabial

Figura 1- Tumefação causando elevação da asa lateral do nariz, com alteração no contorno das narinas (Imagem, gentilmente, cedida pelo Prof. Wagner Henriques Castro).

 

Características radiológicas

Apesar de ser uma lesão extraóssea, o cisto pode causar uma reabsorção óssea na região, mostrando uma imagem radiolúcida discreta, próxima do ápice dos incisivos. O uso de exame radiográfico com contraste é, eventualmente, utilizado para melhor visualização dos seus limites e tamanho.

Em radiografias oclusais de maxila, o cisto pode provocar alteração nos limites lateral e anterior da fossa nasal, com a mudança da sua convexidade para o interior da cavidade (Figura 2). Em imagens axiais de uma tomografia computadorizada, ele aparece como uma lesão ovoide, bem circunscrita na base alar e lateral da abertura piriforme, podendo causar, ainda, perda óssea em forma de taça.

 

Imagem radiográfica do cisto nasolabial

Figura 2- Radiografia oclusal de maxila mostrando importante característica imaginológica do cisto nasolabial. Observa-se deformidade das margens anteriores e laterais do assoalho da fossa nasal, com a mudança da sua convexidade para o interior da cavidade.

 

Características histopatológicas

No exame microscópico do cisto nasolabial, encontraremos uma cavidade cística revestida por um epitélio, contendo duas (ou poucas) camadas celulares, apresentando células cúbicas basais e outras colunares superficiais, que são intercaladas com células caliciformes. Áreas de transição para um epitélio do tipo pseudoestratificado não ciliado são, comumente, encontradas (Figura 3). Em alguns casos, podemos observar metaplasia escamosa.

O revestimento epitelial do cisto mostra similaridades com o epitélio dos canalículos lacrimas (estratificado pavimentoso) ou do ducto e do saco lacrimais (cuboidal/colunar) com células caliciformes.

 

Imagem microscópica do cisto nasolabial

Figura 3- Quadro microscópico do cisto labial mostrando a transição do epitélio pseudoestratificado para o epitélio contendo duas camadas celulares. Observa-se, nesse último, a presença de células caliciformes na camada luminal (Imagem gentilmente cedida pelo Prof. Felipe Paiva Fonseca).

 

Tratamento

A enucleação cirúrgica com acesso intraoral sublabial é o tratamento mais utilizado e as recorrências são raras. Existem relatos, na literatura, mostrando terapia alternativa através da marsupialização transnasal.

 

Leitura Complementar:

1- Chinellato LEM, Damante JH. Contribution of radiographs to the diagnosis of naso-alveolar cyst. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1984;58:729-735.

2- Ramos TCV, Mesquita RS, Gomez RS, Castro WH. Transnasal Approach to Marsupialization of the Nasolabial Cyst: Report of 2 Cases. J Oral Maxillofac Surg 2007;65:1241-1243.

3- Sheikh AB, Chin OY, Fang CH, Liu JK, Baredes S, Eloy JA. Nasolabial Cysts: A Systematic Review of 311 Cases. Laryngoscope 2016;126:60-66.

4- Toribio Y, Roehrl HÁ. The Nasolabial Cyst. A Nonodontogenic Oral Cyst Related to Nasolacrimal Duct Epithelium. Arch Pathol Lab Med 2011;135:1499-1503.

 

 

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