Confira aqui também o nosso vídeo sobre cavidade óssea idiopática!

 

A cavidade óssea idiopática, também conhecida como cisto ósseo traumático ou cisto ósseo solitário, é um pseudocisto que pode ocorrer no húmero, fêmur e crânio.

 

Características clínicas

Nos maxilares, a cavidade óssea idiopática afeta, prioritariamente, a mandíbula de pacientes jovens. Embora diversas teorias tentem explicar o seu desenvolvimento, têm sido comumente aceitas aquelas relacionadas aos distúrbios circulatórios ou vasculares que levam a necrose do osso. Geralmente, o diagnóstico é feito acidentalmente, durante a realização de exame radiográfico de rotina.

 

Características radiológicas

Neste, observa-se área radiolúcida bem definida, de formato ovoide ou irregular, com  extremidades em forma cônica ou angular – sendo essas de extrema relevância para o diagnóstico da doença (Figura 1). Não há deslocamento ou reabsorção dos dentes e a lesão contorna as raízes dentárias com preservação da lâmina dura. De igual modo, embora a parte cortical interna possa sofrer reabsorção, a mesma não se expande.

 

Imagem radiográfica da cavidade óssea idiopática

Figura 1- Imagem radiográfica de Cavidade Óssea Idiopática. Notar a presença de área radiolúcida bem delimitada, contornando as raízes dos dentes envolvidos e exibindo extremidade anterior em forma cônica ou angular. Observar em algumas áreas a preservação da lâmina dura e ausência de deslocamento ou reabsorção dos dentes.

 

Punção aspirativa

Durante a punção aspirativa, líquido serosanguinolento é observado em alguns casos (Figura 2).

 

Imagem da punção aspirativa da cavidade óssea idiopática

Figura 2- Líquido de aspecto serosanguinolento obtido durante a punção aspirativa da lesão.

 

Características histopatológicas

Na exploração da lesão, é possível encontrar uma cavidade vazia (Figura 3) , e que se apresenta, no exame histopatológico, revestida por delgada membrana de tecido conjuntivo fibroso  de espessura variável (Figura 4).

 

Imagem da exploração cirúrgica da cavidade óssea idiopática

Figura 3- Aspecto cirúrgico da cavidade. Durante a exploração cirúrgica foi observada a presença de uma delicada membrada de tecido mole revestindo a cavidade (Imagem gentilmente cedida pelo Prof. Wagner Castro)

 

Imagem microscópica da cavidade óssea idiopática

Figura 4- Membrana de tecido conjuntivo fibroso celularizado revestindo a parede da cavidade da lesão.

 
Tratamento
Após o acesso cirúrgico, nota-se que, em poucos meses, há reparo da lesão, não sendo necessário o tratamento complementar. Ainda que os mecanismos biológicos relacionados ao reparo sejam desconhecidos, a realização da cirurgia promove eventos hemorrágicos ou vasculares que viabilizam a ocorrência deste processo. Desse modo, o clínico deve estar atento ao diagnóstico diferencial, considerando que o tratamento da cavidade óssea idiopática não requer a remoção completa da lesão, embora a imagem radiográfica desta possa ser facilmente confundida com alguns cistos e tumores odontogênicos.
Leitura Complementar:

1- Chrcanovic BR, Gomez RS. Idiopathic bone cavity of the jaws: an updated analysis of the cases reported in the literature. Int J Oral Maxillofac Surg 2019;48:886-894.

2- Copete MA, Kawamata A, Langlais RP. Solitary boné cyst of the jaws. Radiographic review of 44 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Radiol Endod 1998;85:221-225.

3- Perdigão PF, Silva EC, Sakurai E, Araújo NS, Gomez RS. Idiopathic bone cavity: a clinical, radiographic, and histological study. Brit J Oral Maxillofac Surg 2003;41:407-409.

 

 

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