O adenoma de células basais é uma neoplasia benigna incomum das glândulas salivares, sendo responsável por, aproximadamente, 1,4% de todos os tumores nessa localização e 5 a 6% dos benignos. A sua etiologia ainda é pouco conhecida, mas alterações nos genes CTNNB1 e CYLD1 foram relatadas.

 

Características clínicas

As lesões ocorrem principalmente na parótida, seguida pelas glândulas submandibular, sublingual e glândulas menores, atingindo pacientes da 6º e 7ª décadas de vida.

 

Características histopatológicas

No exame macroscópico, o tumor se apresenta como um nódulo único, medindo até 3 cm. Microscopicamente, iremos observar que o tumor é bem encapsulado (Figuras 1 e 2). Ele é formado por componentes bifásicos de células luminais (ductais) e abluminais (basaloides e mioepiteliais), lembrando os ductos intercalares e estriados das glândulas salivares.

 

Aspecto microscópico do adenoma de células basais.

 

Aspecto microscópico do adenoma de células basais.

Figuras 1 e 2- O adenoma de células basais apresenta uma cápsula bem definida.

 

O adenoma de células basais pode apresentar os seguintes padrões morfológicos: sólido, tubulotrabecular, cribriforme e membranoso. No padrão sólido iremos observar uma proliferação compacta de células basaloides, envolvidas por células com núcleos em paliçada (Figura 3). Embora metaplasia escamosa possa ser encontrada, ela é mais comum e destacada no adenoma pleomófico. A formação de estruturas tubulares, conectadas por cordões anastomosados, formando trabéculas, caracteriza o subtipo tubulotrabecular. O padrão cribriforme pode se assemelhar grosseiramente ao carcinoma adenoide cística, mas apresenta diferenças arquiteturais e citológicas que serão comentadas abaixo. No subtipo membranoso encontraremos um material acelular semelhante a uma membrana hialina envolvendo as ilhas formadas pelas células basaloides . Importante destacar que um mesmo tumor pode apresentar todos os diferentes subtipos morfológicos. Por isso, que denominaremos de membranoso apenas quando esse padrão é predominante na lesão.

 

Aspecto microscópico do adenoma de células basais.

 

Figura 3- Imagem em maior aumento da figura 1 mostram padrão sólido formado por lençóis condensados de células basaloides, exibindo na periferia células cuboides ou colunares contendo núcleos em paliçada.

 

O adenoma pleomórfico, carcinoma adenoide cístico e o adenocarcinoma de células basais devem ser considerados no diagnóstico diferencial com o adenoma de células basais. A presença de células basaloides, células em paliçadas na periferia e a ausência de continuidade com o estroma excluem a hipótese de adenoma pleomórfico. Além disso, o adenoma de células basais não apresenta células plasmocitoides e as áreas condroides do adenoma pleomórfico.

Em relação ao carcinoma adenoide cístico, devemos observar que as estruturas cribriformes, quando presentes no adenoma de células basais, não são predominantes e mostram um arranjo estrutural mais irregular. Células são encontradas em algumas áreas centrais cribriformes no adenoma de células basais, enquanto que no carcinoma adenoide cístico, essas áreas são preenchidas por um material hialino. Além disso, diferente do núcleo predominantemente vesicular e ovoide, por vezes, em paliçada, observado no adenoma de células basais, no carcinoma adenoide cístico encontraremos células com núcleos angulares e bem corados.

O adenoma de células basais e o adenocarcinoma de células basais apresentam aparência microscópica semelhante, sendo a principal diferença a presença de áreas de invasão na periferia na lesão maligna.

 

Tratamento

O tratamento é excisão cirúrgica conservadora e o índice de recorrência é baixo (menor do que 2%), com a excessão do subtipo membranoso. Esse está associado com maior risco de recidiva, ocorrendo em 25% dos casos, e com transformação maligna.

 

Leitura complementar:

 

1- Hellquist H, Skalova A. Histopathology of the Salivary Gland. Springer: Heidelberg, 1ed, 2014.

2 Hornick, JL & Bishop JA. Head and Neck Pathology. Surgical Pathology Clinics. Volume 14, Number 1, 2021.

3- WHO Classification of Tumours Editorial Board. Head and neck tumours. Lyon (France): International Agency for Research on Cancer; forthcoming. (WHO classification of tumours series, 5th ed.; vol. 9). https://publications.iarc