O cisto odontogênico calcificante calcificante é uma neoplasia odontogênica epitelial, ou para alguns, cisto odontogênico, de origem incerta, na qual se destacam mutações no gene da β-catenina. Mutações nesse gene são também encontradas no craniofaringioma adamantinomatoso e no pilomatricoma.
Características clínicas
O cisto odontogênico calcificante pode ocorrer em pacientes de todas as idades, embora o grupo mais acometido são os mais jovens. As lesões centrais (intraósseas), bem mais comuns, afetam a maxila e a mandíbula igualmente. Na maxila, ela mostra predileção pela porção anterior, enquanto na mandíbula ela apresenta distribuição igual entre os segmentos (Figura 1). As lesões periféricas ocorrem principalmente na região anterior.
Características radiológicas
Os exames radiográficos das lesões intraósseas apresentam as seguintes características: área radiolúcida uni ou multiloculada, com limites definidos e presença de pontos radiopacos em quantidades variáveis (Figura 2).
Figuras 1 e 2- Aspecto clínico e radiográfico da lesão. Observar a expansão vestibular e palatina no exame clínico. A radiografia mostra lesão bem delimitada contendo dente incluso e pontos mineraiizados, além de reaborção dentária (Estas imagens foram cedidas pelo Prof. Wagner Henriques de Castro).
Características histopatológicas
Nas figuras abaixo mostramos os aspectos macroscópicos e microscópicos do cisto odontogênico calcificante. No exame da peça cirúrgica poderemos encontrar áreas mineralizadas, de coloração branca (Figuras 3 a 5). No exame microscópico, a lesão mostra revestimento cístico, contendo células basais com núcleos bem corados e polarizados a distância da cápsula. Células semelhantes ao retículo estrelado do órgão do esmalte e numerosas células fantasmas são encontradas mais acima das células basais (Figura 6). As células fantasmas são células ovoides, grandes, contendo citoplasma pálido e eosinofílico. Com a degeneração do núcleo, essas células exibem espaços vazios delimitados pelo remanescente da membrana nuclear. A presença das células fantasmas sugere o diagnóstico de cisto odontogênico calcificante, apesar da sua presença eventual em outras lesões odontogênicas. Algumas células fantasmas se fundem e sofrem mineralizações distróficas. Material dentinoide ou mesmo odontomas podem ser identificados em alguns tumores. As projeções epiteliais do cisto podem mostrar padrão intraluminal, para o interior do cisto, ou mural, com invasão da cápsula.
Figura 3- Aspecto macroscópico da peça cirúrgica. Notar a presença de estruturas brancas mineralizadas.
Figura 4- Aspecto macroscópico da face luminal interna da peça cirúrgica. Notar a presença de estruturas brancas mineralizadas.
Figura 5- radiográfico da peça cirúrgica confirmando a presença de estruturas mineralizadas na peça cirúrgica.
Figura 6- Aspecto microscópico com destaque para a presença de células fantasmas. Observe ainda as células basaloides, colunares e com núcleos hipercromáticos e polarizados na camada basal do revestimento epitelial.
Tratamento
O tratamento deve ser por enucleação, observando poucos relatos de recidivas. Além disso, destaca-se que algumas destas lesões são notadamente sólidas, enquanto outras se mostram com aparência cística, sendo as primeiras (sólidas) denominadas de tumor dentinogênico de células fantasmas.
Leitura Complementar:
1- Barnes L, Evenson JW, Reichart P, Sidransky D. Pathology & Genetics. Head and Neck Tumors. IARC: Lyon, 2005.
3- Reichart P, Philipsen H. Odontogenic Tumors and Allied Lesions. Quintessence Publishing: London, 2004.
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